" (...) Ele sentou-se na calçada da loja e tirou um livro do alforge.
-Não sabia que os pastores eram capazes de ler livros-disse uma voz feminina a seu lado.
Era uma rapariga típica da região de Andaluzia, com os cabelos negros e escorridos, e os olhos que lembravam vagamente os antigos conquistadores mouros.
-É porque as ovelhas ensinam mais do que os livros-respondeu o rapaz. Ficaram a conversar durante mais de duas horas. Ela contou-lhe que era filha do comerciante, e falou da vida na aldeia, onde cada dia era igual a outro. O pastor falou de Andaluzia, das últimas novidades que viu nas cidades que visitara. Estava contente de não precisar de conversar sempre com as ovelhas.
-Como aprendeste a ler?-perguntoua rapariga a certa altura.
-Como todas as outras pessoas-respondeu o rapaz.-Na escola.
-E, se sabes ler, então por que és apenas um pastor?
O rapaz deu uma desculpa qualquer para não responder àquela pergunta. Tinha a certeza de que a rapariga jamais entenderia. Continuou a contar as suas histórias de viagem, e os pequenos olhos mouros abriam-se e fechavam-se de espanto e surpresa. Á medida que o tempo foi passando, o rapaz começou a desejar que aquele dia não acabasse nunca, que o pai da jovem ficasse ocupado por muito tempo e o mandasse esperar durante três dias. Percebeu que estava a sentir uma coisa que nunca tinha sentido antes: vontade de ficar a morar numa única cidade para sempre. Com a menina dos cabelos negros, os dias nunca seriam iguais.
Mas o comerciante finalmente chegou e mandou que ele tosquiasse quatro ovelhas. Depois, pagou-lhe o que era devido, e pediu-lhe que voltasse no ano seguinte.
Agora faltavam apenas quatro dias para chegar de novo à mesma cidade. Estava excitado e ao mesmo tempo inseguro: talvez a menina já o tivesse esquecido. Por ali passavam muitos pastores para vender lã.
-Não tem importância-disse o rapaz para as suas ovelhas. - Eu também conheço outras meninas noutras cidades.
Mas no fundo do seu coração, ele sabia que tinha importância. E que tanto os pastores, como os marinheiros, como os caixeiros-viajantes, sempre conheciam uma cidade onde havia alguém capaz de fazer com que esquecessem a alegria de viajar livremente pelo mundo." -O alquimista, Paulo Coelho
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